Toda solidariedade aos morador@s da maré!
Resistência dos Moradores e
Moradoras da Maré
Nota pública
acerca da resistência popular contra a ditadura militar na Maré
por marevive
As grandes mídias executaram nos últimos dias suas
rotinas promocionais e divulgaram o suposto grande sucesso da invasão militar
para “pacificar” a Maré. O governador Cabral veio a público constar: “Hoje foi,
sem dúvida, um dia histórico.” e o secretário de segurança pública Beltrame
afirmou: “Mais uma vez, fomos muito bem. Vamos entregar o terreno a quem merece
e é dono, que é a população. Tudo correu tranquilamente. Para nós não foi
surpresa, por que todas as ocupações têm sido assim.”
Contrariam radicalmente este espetáculo midiático
recorrentes relatos sobre violações e abusos pelo lado dos policiais durante a
invasão. Policiais entrando nas casas sem mandado; com “toca ninja” ameaçando
moradores de morte; depredando bens e roubando eletrodomésticos sem nota
fiscal; tratando moradores com violência verbal e apontando armas de fuzil para
os seus rostos; constrangendo e agredindo crianças como no caso de policiais
mandarem-nas deitar e em seguida pisarem em suas cabeças; prisão coletiva de
menores que protestaram por causa de morte de um adolescente, que foram levadas
à delegacia em caminhão da Polícia Militar; constrangimento e prisão de idosos;
invasão de casa com moradora que estava sozinha e diante da presença ameaçadora
da polícia se viu forçada de correr para a rua vestida apenas com roupa íntima.
A grande imprensa divulgou imagens de moradores
presos acusando-os de serem traficantes que em seguida foram liberados por não
terem nenhum envolvimento e serem inocentes (sem que houvesse uma retratação).
Nos casos de mortos e feridos, tem sido difícil apurar ao certo, pois há
dificuldade de checar informações, mas temos a confirmação de um jovem de 15
anos morto sem divulgação da causa de sua morte, um jovem de 18 anos baleado e
que veio a falecer, e de mais dois adolescentes baleados.
Nós, moradores que estamos envolvidos com a luta
pelos direitos humanos fundamentais dos cidadãos que vivem em favelas, estamos
colocando esforços para denunciar estes muitos casos de abuso que estão
acontecendo com nossos familiares e vizinhos. A presença de diversos grupos de
defensores de direitos humanos no domingo, coletivos de advogados, a Comissão
de Direitos Humanos da OAB, o NIAC (UFRJ), o Coletivo Tempo de Resistência, a
Comissão de Direitos Humanos da ALERJ, foi uma contribuição importante para a
luta e resistência dos moradores. Não apenas por atuar em campo fiscalizando o
trabalho da polícia e registrando ocorrência de abusos, mas também para
testemunhar as dificuldades que a organização popular sofre diante da opressão
militar, que não se inibiu em manifestar intimidação contra nós nem diante da
presença dos advogados.
Nós, que estamos articulados em organizações
populares e empenhados a lutar contra o Estado opressor, estamos sofrendo
perseguição e intimidação. Entre outros, uma blazer branca com dois policiais
seguiu e filmou de forma intimidadora a Comissão de Direitos Humanos da OAB que
estava fiscalizando a atuação ilegal da polícia, e um helicóptero ficou dando
várias voltas onde estavam os membros da Comissão. Entendemos que essa opressão
é para coibir nossa atuação de resistência e impedir que façamos mobilizações e
denúncia dos casos de abuso e violência praticados pela polícia.
Esta invasão foi tão pouco tranquila como as outras
invasões em favelas do Rio de Janeiro. Sabemos que este é só o começo de toda
uma onda de opressão através da política de extermínio e militarização nas
favelas. É imperativo o fortalecimento da resistência. Moradores de favelas,
movimentos sociais, defensores de direitos humanos e todas e todos que lutam
por uma sociedade justa e igualitária, juntem-se a luta de resistência na Maré
e em todas as favelas! Os opressores não calarão as nossas vozes.
Favela resiste. Viva favela!
Assinam esta nota:
Advogados Ativistas (SP)Central de Movimentos Populares
Centro de Assessoria Jurídica Popular Mariana Criola
Centro de Etnoconhecimento Socioambiental Cayuré – CESAC (Nova Maraká, Complexo do Alemão)
O CESAC e a Resistência da Aldeia Maracanã
Cidadela – Arte, Cultura e Cidadania
Cineclube Beco do Rato
Cineclube Mate Com Angu
Círculo Palmarino
Coletivo Tempo de Resistência
Coletivo Laboratório de Direitos Humanos de Manguinhos
Comissão de Direitos Humanos da OAB
Fórum Popular de Apoio Mútuo
Federação Anarquista do Rio de Janeiro
Instituto de Defensores de Direitos Humanos – DDH
Justiça Global
Marcha Mundial das Mulheres
Movimento de Organização de Base
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Movimento Nacional de Luta pela Moradia – MNLM/Brasil
Núcleo de Assessoria Jurídica Popular Luiza Nahin
Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania – Niac/UFRJ
Ocupa Alemão
Ocupa Lapa
Organização Anarquista Terra e Liberdade
Organização Popular
Quilombo Xis Ação Cultural Comunitária
Reaja ou Sera Morto, Reaja ou Sera Morta
Rede de Comunidades e Movimentos contra Violência
Rede Nacional de Advogados Populares – Renap-RJ
Resistência da Aldeia Maracanã
Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro
Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II – Sindiscop
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